sábado, 13 de maio de 2017

Indo (um pouco) além daquele Belchior do qual ouvimos falar

Com licença... Posso só recomendar uma leitura sobre (o recentemente falecido) cantor-poeta Belchior?

E...como queria ter sido eu a escrever esse artigo! Retrata com exatidão meu ponto de vista sobre esse artista que pode (e deve) ser estudado e conhecido por muito tempo, ainda:

O Belchior que a crítica vulgar não viu (outraspalavras.net)

sábado, 7 de novembro de 2015

A Umbanda na Pista de Dança

Ah, a Internet! Esse universo paralelo fascinante da informação... tão saturado de artigos, discussões, memes, popups, fakes, spam, hackers, crackers, lamers e GIFs animados, que muitas preciosidades passam despercebidas. E muita música interessante também.

Foi através do Orkut, a célebre rede social que conquistou os corações dos brasileiros pelos idos de 2005, 2006 e encerrou definitivamente suas atividades em 2014 após um triste declínio, que fiquei sabendo que sim, já houve um sujeito ousado o suficiente para gravar um disco com temas de Umbanda em ritmo de Disco Music. Seu nome é Fernando Santos, e isso aconteceu em 1979. Antes de eu nascer, portanto. Não que ele tenha sido o primeiro a transpôr o sincretismo religioso da Umbanda para a música popular do Brasil - Vinícius de Moraes e Toquinho já faziam isso, provavelmente nem tendo sido os primeiros (cabe pesquisa). Mas esta combinação com Disco Music merece ser melhor conhecida e reconhecida.

Yes, Nós Tivemos Disco Music!

A cena Disco no Brasil foi um bocado efervescente, mesmo tendo durado pouco tempo e sido eclipsada por outros movimentos musicais da mesma década. Se, ao ouvir falar em Disco Music feita no Brasil, você se recorda de Dancin' Days das Frenéticas - tema de abertura da novela homônima de Gilberto Braga exibida pela Rede Globo na época, saiba: houve bem mais artistas e músicas relevantes do mesmo tipo.

Fazer música para dançar não é tão fácil quanto parece, quando você tem uma proposta musical aliada a alguma poética e pretende transmitir algum valor, seja cultural, social, ou apenas estético. Se sua referência temática é de caráter religioso, é mais complicado ainda. Neste caso, você precisa fazer uma música que tenha: ritmo forte e letra de fácil memorização, estar relevante para o momento histórico em que você se encontra, e ainda deve respeito às entidades religiosas e tradições que você vai abordar em suas letras. Tudo isso simultaneamente. Parece fácil? Não é, mesmo.

Claro, hoje em dia há muitos 'artistas' que não têm preocupação estética nenhuma e também não estão em busca de nenhum movimento ou qualidade poética, mas...deixa pra lá, ok? Vamos falar de coisas boas. Vamos falar da nova Tekpix...vamos falar de Fernando Santos e sua Disco Umbanda, que foi muito feliz em sua proposta de unir a tradição cultural dos terreiros com o fenômeno da Disco Music, numa atitude pop muito defensável.

Não só defensável. Foi ousada e corajosa.

Se a Umbanda ainda hoje sofre pesada discriminação por parte de "cristãos" fundamentalistas (as aspas são porque intolerância e violência contra outras religiões não são atributos cristãos legítimos, e sim decadentes), em 1979, sob Governo Militar, a situação provavelmente não foi melhor. A única seita cristã que na época saiu em defesa aberta das religiões afrobrasileiras foi a dos espíritas kardecistas, orientados pelo Chico Xavier.

Temos aqui uma linguagem Disco, e uma combinação bem orquestrada de metais, cordas, bateria em pulsação forte (embora não sincopada) e baixo groovado com som imponente na mixagem, o que é esperado desse ritmo musical e era um som realmente irresistível (é até hoje, mesmo para quem não viveu aqueles anos). E destaco: a voz de Fernando Santos é possante, imponente, afinada, resultando em uma experiência musical que vale muito a pena conhecer e resgatar.

E Fernando Santos? Quem é ele?

Não sei. Pela pronúncia ao cantar, só me ocorreu uma coisa: paulista é que ele não é. Quaisquer informações que você tiver sobre ele serão bem acolhidas aqui. Edição: acho que o encontrei no Google+. Que honra!

Um dos artigos que encontrei dele pela Internet foi a capa do seu disco, intitulado 'Fernando Santos'.

Fernando Santos em pose bastante séria e quase contrastante
com o figurino e o visual vibrante da capa. Ah, nota para os visuais: fazer o degradê pesado que aplicaram ao logotipo, numa época sem Photoshop, já era um trabalho fenomenal à parte, que demandava muita habilidade artística.
O resultado é de uma qualidade surpreendente. Foi evidente o esmero e dedicação com o qual o disco foi realizado, superando em vários quesitos uma boa leva da produção musical atual.

Ficou curioso? Confira então esses dois vídeos que vão lhe passar uma ideia da vibe gostosa e contagiante da Disco Umbanda:


'Omulu', música que chega surreal na tela, com direito a uma coreografia legal que deixa a apresentação ainda melhor, e um frissonzinho do eterno apresentador-agitador cultural-garoto problema-machista-referência-jurado-do-Troféu-Imprensa, Carlos Imperial, no início do vídeo, chamando - com bastante sensacionalismo - a música de Fernando Santos de 'A Grande Polêmica do Momento' enquanto convoca o cantor



'Marabu do Senegal' no encerramento do programa. Os anúncios das próximas atrações pelo locutor no final são uma verdadeira mini-radiografia antropológica do cérebro do brasileiro doméstico daquela década - indo de um filme de suspense ('Os Mortos Não Morrem'), passando pela propaganda de Guaraína - que 'acaba com a dor, gripe, resfriado e não ataca o coração' (ufa!), até, para o dia seguinte, mais uma etapa do concurso para a escolha d'"A Mulata Definitiva" no programa Flávio Cavalcanti. Noite movimentada aquela, hem?

Não é coincidência: com a exceção de Carlos Imperial, os brasileiros nos vídeos são tipicamente magros, o que se nota em qualquer vídeo nacional antigo. A escalada da obesidade (maior acesso à alimentação, mas também maior consumo de fast-food) é um fenômeno nacional relativamente recente.

Parafraseando então o finado apresentador, "é válido ou não é válido, a Umbanda em ritmo de Discotheque"?

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Desafio tecnológico - Moto G 2014 + cartão de memória microSD 64GB

O Android dispensa apresentações, tamanha a adoção desta plataforma de software nos smartphones e tablets pelo Brasil e pelo mundo afora. No entanto, muitas vezes no afã de cortar custos e oferecer opções de aparelhos com preços mais atraentes, as marcas que embarcam a plataforma da Google em seus smartphones equipam seus modelos com pouca memória de armazenamento interna. 8 ou 16 gigabytes podem ser suficientes em alguns casos, mas não são muito generosos se você tiver muitos jogos pesados, aplicativos, músicas, vídeos, e os demais arquivos.

A Motorola (hoje pertecente à Lenovo) afirma, nas especificações do smartphone Moto G 2014 (também conhecido como Moto G 2ª Geração), que o aparelho aproveita cartões de memória padrão MicroSD de até 32 Gigabytes, mas há quem diga que o aparelho aceita cartões de capacidade superior.

Neste vídeo eu apareço esparramado no sofá, com cara de sono ponho à prova este boato com um cartão de memória da Sandisk Ultra microSDXC UHS-1 de 64 Gigabytes.


Bem, amigos do YouTube...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Brigade apresenta o futuro dos gráficos 3D

Na área de jogos e animação 3D é consagrado o termo Raytracing, uma técnica de renderização de ambientes virtuais. Atualmente (maio de 2014) está sendo desenvolvida uma variação bastante avançada desta técnica, o Path Tracing, que promete um grau nunca antes visto de realismo de renderização das cenas de gráficos. Uma empresa envolvida no desenvolvimento desta técnica é a OTOY com sua tecnologia Brigade, hoje em sua versão 3.0 e sendo testada nas placas de vídeo mais avançadas da NVIDIA.

Aliás, tal é o poder de processamento requerido pela nova técnica, que para estes testes, utilizaram duas placas GeForce Titan em conjunto.

Assista ao interessante vídeo de demonstração da Brigade 3.0. Você notará que os gráficos contém granulações, sobre as quais falo no próximo parágrafo.

 


Nossa! Está granulado mesmo. Por que?

Acontece que esta tecnologia é tão promissora (prometendo romper com todas as barreiras de limitações de quantidade de polígonos exibidos em tela, por exemplo), que ela exige um poder de processamento que as duas GeForce Titan utilizadas no teste em conjunto não conseguiram comportar. Para não comprometer a fluidez da animação, a opção dos desenvolvedores foi incluir essa granulação no vídeo.

Logo, apesar da NVIDIA já ter prometido um novo modelo para o fim do ano, a Titan Z, ainda é cedo para dizer que a tecnologia atingiu o grau de maturidade necessário para ser incluída nos jogos dos consoles da próxima geração. Mas certamente já estamos tendo um gostinho do que nos aguarda nos consoles a serem lançados nos próximos anos (e que, inclusive, poderão nem ser consoles - mas aí já é outra história).

 Saiba mais sobre a tecnologia em http://brigade3.com/  (em inglês)

Vejo você no futuro?

domingo, 15 de dezembro de 2013

Toda a glória dos 16 Bits (quase) na sua mão



MD Play da Tec Toy com 20 jogos na memória, a quaaase inesquecível versão portátil do inesquecível Mega Drive da Sega

Sim. Por algum motivo muito bizarro, após anos nunca encontrando em lugar algum, vi um MD Play solitário à venda no balcão das Lojas Americanas do Shopping Parque Dom Pedro, aqui em Campinas. Se você, assim como eu, sente 'aquela' emoção bacana toda vez que ouve aquele pequeno côro de japoneses dizendo "Seeegaaa!" na abertura dos jogos do Sonic, a ideia de poder jogar Mega Drive num pequeno dispositivo, leve e compacto, deve ter lhe entusiasmado por vários anos. Quiçá pode até ter visto este produto da Tec Toy como 'a grande chance' de reviver todo o encanto e diversão do Mega Drive neste promissor futuro, tão saturado de tablets e smartphones. Comprei-o imediatamente, e agora tento auxiliar você que está pensando em adquiri-lo, ou quer apenas satisfazer a curiosidade a respeito dele.

Uma primeira dica? Se pensa em comprá-lo, vá com calma. Leia o review por inteiro, antes de comprar.

Infelizmente, preciso adiantar que ele não é o portátil definitivo do Mega Drive que você, segamaníaco, sempre sonhou. Ele não vai substituir nenhum console das primeiras versões (muito menos o histórico Versão 1, aquele com saída para fone de ouvido com volume independente, e que costumava vir com o cartucho do Altered Beast). Ele tem umas falhas que poderão te desanimar (explicarei isso melhor mais adiante). Hoje em dia, com a emulação do Mega beirando a perfeição facilmente em qualquer PC, e sendo bastante digna até em alguns smartphones, este aparelho fica ainda mais em desvantagem.


Por outro lado, seria injusto se eu simplesmente o desqualificasse e dissesse que é um lixo total. Não é. Ele tem sim, suas virtudes. Se você não for um jogador muito exigente, e tiver um perfil mais 'casual', pode ser que elas lhe sejam suficientes.

Vamos, então, analisar o aparelho:

Visão do lado superior - da esquerda para direita - luz de indicação de funcionamento/recarga, entrada para carregador, saída P2 para TV, entrada do cartão de memória, e botão-roda de ajuste de volume 
Chave de liga-desliga, e botões de ação



Constructo e Design

Oh, céus! Plástico. Só. 

Do mais vagabundo? Não. Quebra fácil? Não fiz nenhum teste de resistência, mas a impressão que ele deixa é que ele aguenta uma queda ocasional, da mesa para o chão de sua casa, mas não dura muito tempo se você o der para uma criança de 8 anos.

Esteticamente, ele não impressiona. Não porque haja falhas muito graves: o plástico é sem rebarbas, tem certa espessura, não passa uma impressão muito frágil, felizmente, e possui uma textura que vai agradar ao tato e não ficar com marcas de suas digitais. Ele apenas carece de um pouco mais de sofisticação e refino. Além disso, se você procura por um dispositivo com design 'de vanguarda', ele não é indicado. Seu visual remete àquela coisa de 2004, 2005. Não estranharia se descobrisse que seu projeto original vem mesmo de quase 10 anos atrás.

Imagem da tela

Um dos pontos fortes do aparelho é o quesito imagem: nitidez OK, todos os detalhes de pixels presentes. Se, para você, a qualidade da imagem for muito mais importante que a do som, você ficará satisfeito e sem muitos motivos para queixa. Seu único porém, que o impede de levar nota 10 no quesito tela, é faltar um pouco de brilho, para aquelas situações de jogo ao ar livre em dia ensolarado. Se você estiver, por exemplo, jogando num ônibus sob sol a pino, a tela vai ficar bastante ofuscada. Para todas as outras situações com menor intensidade de luz no ambiente, horas e horas de boa diversão lhe aguardam.

Sonic está um bocado feliz em te ver

Emulação, hardware e software

Quanto à velocidade da emulação, ela é perfeita. 60 quadros por segundo, sem lentidões de qualquer tipo. Não notei nenhuma falha, neste quesito.

Outro detalhe importante, e bastante bem-vindo, é que este modelo de 20 jogos não é limitado aos jogos que vem na memória interna.

Oficialmente, você pode adquirir mais jogos comercializados com o nome de 'MD Card games'. Cilada da Tec Toy. Não caia nessa! Neles, os jogos vêm em pequena quantidade, e são de qualidade duvidosa.

Eu tenho uma sugestão bem melhor: você pode expandir sua biblioteca de jogos, bastando, para isto, adquirir um simples cartão de memória comum. Não precisa ser de 16 GB: 4 GB bastam para armazenar toda a biblioteca, de milhares de jogos existentes, para o console. (o de 4GB custa algo em torno de R$20 a R$30. Tranquilo, né?) Detalhes sobre o procedimento para armazenar os jogos no cartão, não darei agora (depois elaboro isso), mas você vai encontrá-lo fácil, bastando pesquisar um pouco pela Net. É um investimento baixo que lhe trará bem mais jogos.

Ainda no quesito emulação, infelizmente o aparelho apresenta uma omissão gravíssima: não há como salvar seus progressos nos jogos via bateria de backup. Salvar e depois continuar sua aventura em Sonic 3 / Sonic 3 + Sonic & Knuckles, ou fazer carreira no Ayrton Senna's Super Monaco GP 2? Fora de cogitação. Frustrante. Isso desanima qualquer jogador hardcore e elimina boa parte do público em potencial. Só os jogos mais casuais, de ação rápida (Street Fighter II, por exemplo), ou com sistema de password (Castlevania), continuarão divertidos.

Som

A outra grande decepção que tive com o aparelho. Para mim, músico ocasional, foi a gota d'água.

O problema não está no altofalantezinho embutido. Ele não entrega qualidade nenhuma de som, mas até aí, estamos no lugar comum. Altofalantezinhos embutidos normalmente são apenas 'quebra-galhos' e não entregam qualidade sonora, mesmo.

O que é realmente problemático nesse aparelho, para ser claro e objetivo, é que o som da emulação está fora do tom original.

Mesmo que você não entenda nada de música, você vai ter a sensação de que há algo muito estranho, e que as músicas ficaram mais esquisitas, mais 'sinistras e soturnas'. Isso é porque as músicas estarão tocando tons abaixo do original, vão soar mais graves.

Enfim, nada vai tocar do jeito que os compositores intencionaram quando o jogo foi criado, e não vai adiantar trocar de jogo, pois este problema é do emulador interno do aparelho.

Em alguns títulos, isto não será tão perceptível, pois nestes casos todos os canais de áudio mantêm a harmonia da composição, mesmo soando mais graves do que deviam. (em Road Rash, por exemplo)

Já em outros jogos, como World of Illusion, prepare-se para um show de horrores bem macabro. Os canais de áudio vão soar totalmente desarmoniosos e 'tensos'. O que era pra ser música alegre e divertida com a assinatura Disney, soará 'tensa'. Não recomendo pra ninguém.

Por gostar demais do Mega, eu me esforcei para tentar esquecer um pouco isso. Dependendo do jogo, e depois de algum tempo, confesso que me senti acostumado, como se estivesse ouvindo outra versão das músicas. Mas esta sensação de conforto é mero comodismo e resignação, e não dura muito tempo. Basta trocar de jogo, ou se envolver mais com a trilha, que a realidade se impõe, e o desconforto volta. As músicas simplesmente vão ofender todas as lembranças que você tiver das trilhas originais, sem dó. Mancada extrema da Tec Toy.

Quer arriscar? Depois postarei uns áudios de comparação, para você poder também avaliar. Mas por enquanto, só tenho a dizer que o som deste aparelho é imprestável, e acaba com o prazer de jogar a maioria dos jogos. Triste realidade.

Saída para fones de ouvido. Mono.  ¬ ¬

Bateria

Sua bateria, removível, leva em média 5 horas para uma carga completa. Após, a recarga, espere uma autonomia de mais ou menos 5 horas ligado e jogando. Não decepciona, mas também não impressiona.

Um detalhe que não é muito bacana, é que não é possível jogar enquanto a bateria é recarregada. Tsc, tsc...

A favor, o aparelho conta com o carregador de tomada incluído na embalagem. Menos mal...

Embalagem, manual e preço

A embalagem, de papelão compactado revestido, e uma espuminha interna anexa que ameniza impactos, é suficiente para (quase, na verdade) impedir que seu aparelhinho seja destruído num transporte via Correios (é uma lástima ter que fazer esta observação, mas os funcionários da ECT tratam a sua mercadoria muito mal. Eles vão chutar e arremessar sua caixa como se fosse uma bola, porque recebem um salário muito ralo. Não se apresse em culpá-los. O problema é que nosso país é mesmo uma vergonha e não sabe valorizar seus importantes profissionais. E é assim desde sempre). Então, se você for comprá-lo através de algum site, exija a Nota Fiscal. Se for numa loja física, peça para o vendedor testá-lo um pouco, antes de fechar a compra. Até mesmo porque, independente do transporte, unidades defeituosas existem.

O manual, se pudermos chamá-lo assim, é apenas uma folha que não contém quase nenhuma informação. Ele apenas fala daquilo que você que já usou uma televisão antes já sabe (onde fica o botão de volume e a chave de liga/desliga, por exemplo).

Pagar R$149,90 pelo bichinho, pareceu justo. Não chega a ser caro, por um produto com garantia e fabricado em Manaus. Mas eu só o consideraria barato se não fosse por suas duas falhas graves, que explicitei anteriormente: não poder salvar progressos dos jogos em bateria backup, e a experiência com o som medonho.

Resumindo, este aparelho tem o potencial de agradar os fanáticos por Mega Drive que não sejam jogadores muito exigentes, nem se importem com som desafinado e fora de tom. Vale talvez como experiência, se os R$149,90 pedidos pelo aparelho estiverem morgando na sua carteira. Fora destes cenários, não ouso recomendar.

Tabela resumida

Prós: 

- tela de qualidade decente. Boa nitidez e brilho de imagem, mas não em todas situações

- qualidade de emulação desejável

- layout dos botões e direcional bastante confortável para o manejo. Nenhum sério problema em potencial para pessoas com mão muito grande ou muito pequena

- permite expandir a biblioteca de jogos através de um cartão de memória (SD Card) comum, desses que você encontra facilmente em qualquer papelaria ou loja de informática hoje em dia

- pode ser utilizado como um console normal, em praticamente qualquer televisor, através de seu cabinho A/V (que vem com o aparelho), com qualidade nada decepcionante

Contras:

- jogos não salvam via bateria backup. Morreu na última fase de Kid Chameleon? Azar, meu filho...azar...

- som completamente fora do tom. Assim fica difícil.

- saída do som: mono. Esqueça os efeitos estereofônicos que deixam os sons e músicas mais envolventes e 'espacializadas', e estavam no áudio original.

Ideal para 

Aficcionados pelo Mega Drive que, ao mesmo tempo, não sejam jogadores muito exigentes.


Sasso avalia (de 0 a 10):

Qualidade dos materiais: 5 
Design (ergonomia + estética): 8
Imagem: 9
Velocidade de emulação: 10
Som: 1

Compartimento da bateria removível, e o endereço completo da Tec Toy em Manaus/AM, pra quem quiser ir fazer uma visitinha por lá


Ficha técnica

Vídeo

Tela: LCD.

Não é touchscreen. Não insista.

Áudio

Saídas: duas.

1. Em conjunto com o vídeo composto (padrão RCA)

2. Saída para fones de ouvido (padrão P2).

Ambas têm saída de sinal Mono.

domingo, 8 de julho de 2012

Ah, que saudade da Neguinha...


Naquelas tardes estranhas e à meia-luz, de uma vida atribulada e (cada vez mais) dilacerada em São José do Rio Preto, algumas coisas realmente boas às vezes aconteciam. Na verdade, não eram quaisquer coisas boas, eram coisas de uma beleza, de uma singeleza e de um amor que soam inacreditáveis, agora que o tempo se encarregou de distanciar um pouco as coisas.

Mesmo naqueles dias.

Pois foi nesta época, ano de 2005, que minha irmã mais velha apareceu com uma novidade: uma cachorrinha poodle, que a princípio, era um presente para minha outra irmã, e viria se somar ao já familiarizado e querido Idupi. Idupi também é um Poodle (mestiçado com Maltês), mas ao contrário dele, a nova amiguinha não tinha pêlos de cor champanhe, e sim pretos, com algumas variações cor de grafite. Uma verdadeira poodle negra. Seu nome era Nina, mas ela também podia ser Menina, Linda, Lindinha, e também Neguinha.

Em comum com Idupi, Nina, a Neguinha, só tinha parte do DNA da raça. No comportamento, era completamente diferente. Também por ser ainda uma filhotinha enquanto Idupi já tinha seus 1 ou 2 aninhos (o que equivalem a uns 10 anos de vida humana, pois cada ano canino equivale a sete dos nossos), Nina era mais lépida, vivaz, veloz, mas não sofria dos mesmos defeitos do Idupi. Ele, apesar de toda sua arrogância e soberba, e a estridência típica de um inconveniente poodle, era meio bobinho, meio desajeitado, corria de uma maneira que não raro o resultado era se chocar contra a parede, ou escorregar - um verdadeiro moleque desajeitado. Já Nina não veio para tal vexame. Era esperta e atenta, mas nunca tola. Pelo contrário. Abusava da paciência de Idupi por querer brincar a toda hora. Ele, ostentando um ar de enfado e apatia tão evidentes, pouco faltou para falar com todas as letras "não enche o meu saco!". Mas ela, sem poder contar com a disposição de seu amigo branco, ficava determinadamente pulando e se atirando pra cima daquele "grandalhaozinho bobo".

Mas o maior encanto da Nina, para mim, não foi a capacidade de brincar feito moleca sem fazer as besteiras que o Idupi fazia. Ela tinha ainda mais. Havia um charme e um senso de elegância que a fazia saber quando ser eloquente, brincalhona, moleca, e quando ser apenas séria e se comportar. Eu assistia tv aos domingos com ela, que ficava apenas em volta, sem latidos fora de hora por qualquer motivo, sem sujeiras fora do lugar. Ela ficava em silêncio, circulando e indo beber água hora ou outra, pra se refrescar naquele calor infernal de Rio Preto (quem conhece a cidade, sabe de que calor desértico estou falando!).

Não raro eu adormecia quando assistia tv, deitado no sofá azul da sala, com Nina ao meu lado. Quando isso acontecia, aquele singelo bichinho apenas subia no meu peito, se acomodava e começava a dormir ali mesmo, calmamente. Sem medo, sem culpa, sem tempo pra terminar. Tudo em um silêncio e uma paz indescritíveis e talvez apenas decifráveis pela vida animal. Uma paz que hoje também não sinto no coração. Tudo numa perfeição que me faz recordar vez ou outra que o mundo e a natureza foram projetados para serem perfeitos, e nós humanos é que temos "o dom" de estragar tudo com nossos vícios e mazelas.

Mas ela não podia ficar em casa. Minha irmã não cuidava muito bem dela, e acavaba sobrando muito trabalho desnecessário pra minha mãe. As coisas não podiam continuar assim. Teriam que se desfazer dela. Sentindo dor no coração por saber que Nina ia embora de casa, acompanhei todo o "processo" de doação para uma família de gente da igreja que minha irmã frequenta (ou frequentava, já não sei mais). A família pareceu bastante responsável, o menino dessa família estava muito feliz em receber a Nina. Parecia que, apesar de sua estada em minha casa estar terminando, tudo estaria bem com ela dali em diante também. Eu estava triste, mas ao mesmo tempo tranquilo e confiante no futuro dela.

Alguns dias depois, recebemos uma notícia muito triste: Nina tinha falecido de uma doença que a fazia ter convulsões, uma doença congênita, que não me lembro de a ter manifestado em casa, mas que tinha sido devidamente diagnosticada por um veterinário. A estada da Neguinha nesse mundo foi muito, muito pequena. Não tenho a conta, mas foram alguns meses, acho. Naquele dia, mesmo já não convivendo com ela há um tempo e não tendo acompanhado seu falecimento, Idupi chorou, deprimido, recluso, sem um motivo aparente. Mas no fundo a gente sabia: ele sentiu a morte dela. Ele sentiu que aquela que tanto o incomodava ali em casa, e lhe era amada, tinha ido embora para sempre. Os poodles são cães de uma inteligência que ainda impressiona os estudiosos, dizem.

E eu, que não sou poodle, e não sou nem mesmo um cão, mas sabia o quão bom era dormir numa tarde de domingo no sofá da sala com a Neguinha deitada no meu peito...Eu só não tinha ainda a completa noção do valor daqueles pequenos momentos, do quanto aquilo era belo, e único, e precioso. Aquele sentimento de perfeição e de compleição. Nada faltava. Tudo estava no lugar certo. O pôr-do-sol, a paisagem árida de Rio Preto, eu, o sofá azul, e a Nina, singelamente deitada e acordando com minha movimentação, recebendo um afago que eu não suspeitei em nenhum momento, sequer pude imaginar, que seria o último que ela recebeu.

Ela deve estar continuando sua trajetória evolutiva, eu acredito quando os budistas dizem que os animais também estão em processo de evolução e nós mesmos já fomos como eles. Deve estar em paz, é o que desejo.

Mas naquele dia terrível, a tristeza de Idupi também traduzia a minha. Eu também chorei sua ausência, recolhido, no meu quarto. Silenciosamente. Com elegância, como ela, Nina, a amada e eterna Neguinha, me ensinou a fazer.

sábado, 7 de julho de 2012

Blob - um editor Blogger para Symbian (na verdade, o único)


Já este segundo post 'pré-inaugural' é sobre a própria ferramenta que utilizo para fazê-lo e publicá-lo: o Blob para aparelhos com o SO Symbian (o aparelho que utilizo pra blogar é o ótimo N8, da Nokia). Poder blogar de praticamente qualquer lugar é uma possibilidade legal e tanto, e o aplicativo cumpre o que promete. De maneira bastante básica, mas cumpre.

Os recursos parecem ser suficientes para fazer as postagens aqui. E na versão atual (2.5.1) é possível inclusive agregar imagens aos posts, uma possibilidade que não existia nas versões anteriores e é muito bem-vinda.

Você pode baixar os arquivos do aplicativo em sua versão gratuita aqui, bastando acessar este link (uma nova janela se abrirá. Basta aguardar por 5 segundos e clicar na mensagem 'fechar propaganda' que vai aparecer no topo da tela à direita).

Baixei a versão gratuita da lojinha da Nokia, sem limitações em relação à versão paga, exceto por uma mensagem popup que até agora não me incomodou nem um pouco (só apareceu uma vez quando abri o programa).

Promissor. Vejamos como fica, nas próximas atualizações.